A quinta edição do projeto de formação DOCUMENTANDO, teve início no ano de 2019 e desta vez, celebrou a marca de 10 anos de existência. Ao longo da sua trajetória, as oficinas transformaram a vida de jovens e adultos; público esse de diversas faixas etárias, lugares e individualidades e os filmes documentários resultantes de cada uma destas oficinas tocaram, mais uma vez, um corolário de temas fundamentais, num franco diálogo com questões locais e as pautas nacionais. A reforma da previdência, o impacto de tragédias naturais sobre sujeitos e coletividades, os usos medicinais da cannabis e o debate sobre as questões ambientais foram somente alguns dos eixos que nortearam os produtos desta edição. 

No ano que o projeto celebrou sua primeira década de existência, nossas oficinas continuaram a cruzar o território pernambucano de leste a oeste, passando pelas cidades de Recife, Bezerros, Garanhuns, Correntes, Caruaru e Triunfo, totalizando a realização de sete oficinas. Balanços produzidos nesse ano, indicaram que no decorrer de quatro temporadas e contando ainda com a oferta de formações extras, o projeto já capacitou mais de 1000 estudantes, produziu cerca de 60 curtas-metragens e contou com participações premiadas em inúmeros festivais e mostras de cinema de magnitude local, regional, nacional e até mesmo internacional. Em todo seu tempo de existência, o projeto vem formando não somente futuros diretores, produtores, fotógrafos, roteiristas e outros profissionais do gênero, mas também,  transformando vidas através do cinema. São pessoas que tanto por trás, como em frente às câmeras, têm encontrado no cinema um meio para contar suas histórias e descortinar realidades. 

Foi seguindo essa tônica que os filmes produzidos nesta temporada aprofundaram a intersecção entre o cinema documental e as questões sociais e políticas, tocando pautas fundamentais para o estado de Pernambuco, mas cuja importância lhe ultrapassa. É nesse sentido, por exemplo, que desta leva, destacamos dois filmes em especial, a saber: “Mãeconheiras” e “Mata”. O primeiro acompanha a rotina e o cotidiano de seis mulheres, mães, que fazem uso do óleo de canabidiol para tratar doenças raras, suas ou de seus filhos e filhas. Nesse filme, a luta política pelo direito ao acesso lícito da medicação em prol da qualidade de vida dessas pessoas e o preconceito e o estigma que ainda envolve o tema são algumas das questões abordadas a partir do registro emocionado destas mulheres. Depois, “Mata”, um documentário gravado na Serra dos Cavalos, em Caruaru, trata da trajetória de João da Mata, um caçador e extrativista que, literalmente, converte-se em protetor e guardião místico da mata que outrora explorava.

Num contexto em que a crise ambiental suscita desafios globais, o filme “Mata” propõe um giro de sentido acerca da relação do homem com a natureza e sugere que, em meio a tantas crises, a esperança ainda persiste. O filme recebeu moção de aplausos da Câmara de Vereadores do município de Caruaru e celebrou ainda em 2020 sua seleção para exibição no LABRFF – Los Angeles Brazilian Film Festival. Nesta temporada, o crescimento e o reconhecimento do projeto suscitaram ainda outras homenagens importantes nos municípios de Taquaritinga do Norte, Triunfo e Bezerros, bem como por parte de TVs públicas e universitárias como a TVTEC Jundiaí, a TVU-RN e a TVPE, que condecoraram o projeto exibindo filmes diretamente na sua programação ou na forma de “especiais” dentro de programas da casa, a exemplo do TVPE no Ar e do Olhar Independente da TVU-RN. Todos os programas estão disponíveis no YouTube.